A Fiocruz anunciou esta semana o registro da patente de compostos com potencial antiviral contra o vírus chikungunya: as moléculas triazólicas conjugadas com bases pirimídicas. A patente foi realizada em parceria com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Essa descoberta aconteceu num projeto de iniciação científica, através da parceria entre as duas instituições.
Tais moléculas foram capazes de inibir a replicação do vírus em testes in vitro. Os resultados também mostraram que a ação antiviral causa pouco dano às células, o que é muito importante para viabilizar a criação de um medicamento ou vacina.
“Além dos estudos in vitro, análises computacionais indicaram que os compostos inibem a polimerase viral, enzima responsável pela replicação do genoma do vírus”, informa o comunicado da Fiocruz sobre o tema.
Os pesquisadores responsáveis pela descoberta querem iniciar estudos pré-clínicos em modelo animal no ano que vem. “Esses compostos foram pouco tóxicos para as células e muito eficazes contra o vírus chikungunya. A patente garante a proteção da propriedade intelectual dessa descoberta”, resume Lindomar Pena, cientista da Fiocruz.
O combate à febre chikungunya representa um desafio no Brasil e em outros países. Há menos de dois meses, em abril, a Anvisa aprovou a primeira vacina contra o vírus. O imunizante foi desenvolvido através de uma parceria entre o Instituto Butantan e a Valneva, empresa farmacêutica franco-austríaca. Agora, o Butantan busca a aprovação da versão brasileira dessa vacina, para que seja distribuída em larga escala no país.
“O parecer favorável da Anvisa representa um importante o na aprovação da versão do Butantan do imunizante, que já está em análise pela agência reguladora. As duas vacinas têm praticamente a mesma composição. A versão do Instituto Butantan será adequada à possível incorporação no enfrentamento da doença em nível de saúde pública”, diz um comunicado do Butantan.
O chikungunya é transmitido por mosquitos, como o Aedes aegypti e do Aedes albopictus. Quando o paciente é infectado, os sintomas mais brandos, como febre, dor de cabeça e fadiga duram alguns dias. No entanto, o vírus também causa dor intensa nas articulações – e isso pode persistir por meses.
A palavra que dá nome ao vírus e à doença significa “aqueles que se dobram” em um dos idiomas da Tanzânia. O país registrou o primeiro caso, nos anos 1950. Regiões tropicais são as mais afetadas pela enfermidade.
Fonte: Revista Galileu