ARACAJU/SE, 14 de junho de 2025 , 1:19:01

Balanço Energético do Brasil

A Empresa de Pesquisa Energética elabora e publica anualmente o Balanço Energético Nacional (BEN), mantendo tradição iniciada pelo Ministério de Minas e Energia.

Discriminarei neste ensaio, algumas informações relevantes do Balanço Energético do Brasil, referente ao ano de 2024. No referido balanço, é apresentado uma visualização ampla das atividades de extração de recursos energéticos primários, sua conversão em formas secundárias, importação e exportação, a distribuição e o uso final da energia.

É importante que a sociedade entenda e conheça tais informações, em face das necessidades existentes sobre o consumo consciente e sustentável da energia no Brasil.

De acordo com o Balanço Energético do Brasil, em 2024, a oferta interna de energia (total de energia disponibilizada no País) atingiu 322 Mtep, registrando um aumento de 2,4% em relação ao ano anterior. A participação de renováveis na matriz energética foi marcada pela manutenção da oferta de energia hidráulica, aumento da oferta de outras renováveis (com destaques para o licor preto e o biodiesel) e crescimento da geração eólica e solar fotovoltaica. Já as fontes não renováveis permaneceram estáveis, com leve crescimento de 0,5%.

Do ponto de vista conceitual, Mtep significa Milhões de toneladas equivalentes de petróleo, que é uma unidade de medida usada para expressar a quantidade de energia contida em diferentes fontes de energia. É uma forma de comparar o potencial energético de combustíveis como petróleo, gás natural, energia elétrica e outras fontes. Já TWh significa Terawatt-hora, que é uma unidade de energia equivalente a um trilhão de watts-hora (1012 Wh) ou um milhão de megawatts-hora (10 MWh), sendo uma unidade usada para medir grandes quantidades de energia elétrica, como a produção ou o consumo de energia de um país.

No Balanço Energético do Brasil, a matriz energética brasileira chegou ao patamar de 50% de renovabilidade, muito superior ao observado no resto do mundo e nos países da OCDE.

Para a energia elétrica, o relatório aponta crescimento na oferta interna de 39,7 TWh (+5,5%) em relação a 2023. Os principais destaques foram os seguintes:  a participação de renováveis na matriz elétrica ficou em 88,2% em 2024; a geração solar fotovoltaica atingiu 70,7 TWh (geração centralizada e MMGD) crescendo 39,6% e a sua capacidade instalada alcançou 48.468 MW, expansão de 28,1% em relação ao ano anterior; a geração hidrelétrica se manteve praticamente estável, com leve redução de apenas 4,2 TWh, o que representou uma queda de 1% em relação a 2023; a geração eólica atingiu 107,7 TWh (crescimento de 12,4%) e a sua potência instalada alcançou 29.550 MW, expansão de 3%; aumento de 11,4% na geração termelétrica, totalizando 151,2 TWh em 2024 e por fim, em 2024, 40,6% da geração térmica foi oriunda de biomassa.

Sobre o consumo final (energético e não energético), o mesmo cresceu 1,9% em relação ao ano anterior.

Dentre as fontes que contribuíram para o aumento, destacam-se a eletricidade (+4,1%), o carvão mineral e seus derivados (+3,5%) e a lenha e o carvão vegetal (+2,1%).

Em 2024, os principais movimentos de redução foram os usos de bagaço de cana (-3,3%) e óleo combustível (-17,4%), em relação a 2023. Houve aumento de 5,2% no uso de licor preto em função do crescimento de 5,2% da produção de celulose. Com exceção dos segmentos de Química, Cimento, Ferroligas e Alimentos e bebidas, com quedas de 0,6%; 1,1%; 1,9% e 2,1% respectivamente, todos os demais segmentos registraram aumento de consumo em 2024. A renovabilidade da indústria ficou em 64,4%.

O consumo de energia em 2024 nos transportes apresentou aumento de 2,7% em relação a 2023. Os grandes destaques foram os aumentos de 30,1% de etanol hidratado e 19,3% de biodiesel. O movimento do biodiesel se deveu ao aumento do consumo de óleo diesel e ao aumento do seu teor de mistura ao diesel mineral para 14% (B14) a partir de março de 2024. No mercado de veículos leves, a gasolina C (automotiva) teve seu consumo reduzido em 3,9%, em comparação com 2023. Em 2024, o setor de transportes apresentou 25,7% de renovabilidade.

No relatório consta que o consumo final de eletricidade no país em 2024 cresceu 5,5%. Os setores que mais contribuíram para este avanço em valores absolutos foram o Residencial que cresceu 13,6 TWh (+8%), seguido pelo Comercial que aumentou o seu consumo em 7,7 TWh (+7,4%) e pelo Industrial, que cresceu em 9,3 TWh (+4,1%). O consumo final de etanol no país (m³) registrou aumento de 15,7% em relação a 2023 e atingiu cerca de 37,1 milhões de metros cúbicos em 2024. Biodiesel O consumo final de biodiesel no país (m³) em 2024 aumentou 19,3%. O percentual de mistura mandatória no diesel oriundo de petróleo foi alterado para 14% (em volume) a partir de março de 2024.

Sobre a questão da sustentabilidade, em 2024, o total de emissões antrópicas associadas à matriz energética brasileira atingiu 431,3 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (Mt CO2 eq), sendo a maior parte (214,3 Mt CO2 eq) gerada no setor de transportes. Em termos de emissões por habitante, cada brasileiro, produzindo e consumindo energia em 2024, emitiu em média 2,0tCO2 eq.

De acordo com os últimos dados divulgados pela Agência Internacional de Energia (IEA em inglês) para o ano de 2022, cada brasileiro emitiu  o equivalente a 14,5% do que um cidadão estadunidense emitiu, 37,3% do que um cidadão europeu da OCDE e 26,7% do que um cidadão chinês emitiu.

Os dados apresentados nesta breve análise situacional de energia no Brasil,  colocam para reflexão diversos pontos para um consumo racional e adequado de  energia.